quinta-feira, 14 de julho de 2011

Christie Aleixo vem visitar!!



Fotos: Carlos Hauck
Matéria completa no: www.ragga.com.br/digital



Para explicar a importância da visita que recebi neste último mês, preciso voltar alguns anos. Mais precisamente há uns dez anos atrás, quando eu, ainda dando meus primeiros passos em um longboard (skate), acessei pela primeira vez o blog BOM DROP! Lá eu tinha acesso a tudo o que acontecia na cena do skate de ladeira e ainda descobria um pouco mais sobre as meninas que estavam quebrando tudo em sessões de vídeo e campeonatos. Foi através do seu blog, que a atleta Christie Aleixo deu o ponta pé inicial, para anos mais tarde fazer história e se tornar a primeira brasileira a conquistar a profissionalização no Downhill! E isso não foi fácil. 



Christie Aleixo anda de skate há quinze anos, hoje mora em São Paulo mas isso já foi diferente. Tudo começou no Rio de Janeiro, foi lá que Christie começou a se interessar pelo downhill slide e quando se mudou para Brasilia, em meados de 2002, mostrou para todo o Brasil as ladeiras e atletas da capital, foi onde ela idealizou junto com atletas locais um dos maiores eventos de Skate Downhill do país: O Overmeeting. Atualmente ela viaja para competir aqui e lá fora, fazendo bonito em uma modalidade com pouquissímas mulheres e porque não dizer pouquíssimos corajosos: O Speed. 



Christie é hoje uma das poucas pessoas que conheço que vive para o skateboard. Trabalha em uma empresa de skate, treina, se diverte e ainda produz conteúdos variados para os patrocinadores. Esse é um dos motivos pelos quais ela resolveu passar por Minas Gerais, que envolvem também o imenso potencial da região quando se diz respeito as montanhas e ladeiras para descer de skate e a possibilidade de treinar com os vários atletas locais que vem se destacando nos últimos anos, como os Hava Hills Daniel Vasconcelos, Thiago Lessa, Hugo Haddad, Max Ballesteros e toda a galera da "crew"! Tirando a reunião for fun com os Old School Leonardo Ferraz e Pedrão Thunder.

Mas minha história se cruza com a dela alguns anos antes.... Foi no campeonato do Funil de 2003 que conheci a Christie, prática, sem conversinha fiada feminina, quando não estava quebrando nos slides estava fotografando. Não deu muita bola para as outras atletas que estavam fazendo uma "demo" de slide no campeonato de speed, longe de ser antipática, tive a chance de conhecer uma pessoa realmente envolvida com o esporte e com o contexto! Ela passava e ainda passa, credibilidade suficiente para reunir nos eventos que organiza atletas de diversas regiões do Brasil! 



Foi em uma das edições do Overmeeting, em 2004, que descobri quem era realmente a Christie Aleixo. De um ano para o outro ela evoluiu de uma maneira impressionante, competir com ela foi motivador! Mais importante que isso, descobri que mais que envolvimento, ela sabia o que estava fazendo, entendia do esporte que estava praticando e tinha as condiões ideiais para ser porta voz do skate feminino. Dito e feito, entre diversas atividades, é uma das responsáveis por criar o horário feminino na pista de São Bernardo do Campo no estado de São Paulo.

Por todos esses motivos e pela pessoa que é, eu não passei um ano desde então sem convidar a Christie para uma "Trip" para Belo Horizonte. E como são anos de tentativa, eu já estava desistindo. Até que no mês de Maio, recebi a notícia via Twitter! Foi mais ou menos assim: @tecalobato amiga, vai ficar por aí no final de semana?. O quê? Sem acreditar vi que o impossível estava prestes a acontecer...

As Sessões

Tudo bem... Eu admito que tenho complexo de onipresença. Mas montei um cronograma quase impossível para os quatro dias que Christie passaria aqui. Na bag de skate, ela trazia dois skates, macacão, capacete de speed, quatro jogos de rodas, luvas, joelheiras.... Na minha cabeça a idéia era misturar wakeboard, wakeskate, mini ramp, banks, ladeira. Já posso adiantar que o dorflex me manteve de pé no último dia.



Mas eu não queria perder a oportunidade de estar com uma pessoa 'bitolada" como eu com os esportes de prancha e não praticar todos quase ao mesmo tempo. Começamos a odisséia logo cedo, a primeira modalidade? O Skate de ladeira é claro! Christie Aleixo tratou de trocar as rodinhas e preparar seu skate para rodopiar manobras que eu nunca tinha visto uma mulher fazer ao vivo. Eu quis acompanhar e o ao contrário de acertar manobras novas dei a maior carimbada de asfalto nas costas da minha vida. Sem desanimar fomos para a água, péssima idéia para quem acabou de ralar o pneuzinho...

Eu começei de wakeskate e a Christie foi para seu primeiro rolé de wakeboard. Levantou, andou de um lado para o outro, ficou entediada e pegou  o wakeskate. Como é que é? Além de ter quebrado no Wake, ela ainda levantou de primeira no wakeskate e ainda achou mais fácil andar de pé solto! Eu fechei o dia andando de slider (corrimão de água hehe) e tomando a maior vaca da vida. O dia terminou na mini ramp da Blunt, e eu terminei revezando o gelo no corpo inteiro!

E durante os três dias que se seguiram mantivemos uma rotina parecida com essa. Christie adicionou ao cronograma uma sessão de speed as seis horas da manhã com nosso amigo Pedrão Thunder e rolés de slides com os amigos mineiros. Apesar do ritmo intenso sei que para as duas (mais acostumadas com a presença masculina nos esportes que praticamos) essa interação de esportes serviu para pilhar novos projetos, manobras mas mais importante que tudo isso, para reforçar nosso estilo de vida e motivo pelo qual começamos esses esportes: For Fun. Longe dos campeonatos, dos olhares do público e da mídia a idéia era estar com a prancha no pé até o corpo aguentar! 





Algumas escoriacões mais tarde, para não dizer torções, roxos e ralados depois, o fim da trip chegou. Apesar da melancolia de fim de festa, comemorávamos mesmo que discretamente o fato de existir sim um prazo de validade para essa semana de overdose de pranchas. Mesmo querendo mais o corpo reclamava qualquer movimento e isso justificou o fim de quatro dias de “tábua” pesados. 

Christie viu com olhar de atleta e porque não dizer “turista”, o pontencial do estado de Minas Gerais quando relacionado aos esportes de prancha. Cigana por natureza se sentiu a vontade para planejar novas vindas e quem sabe temporadas nos arredores de Nova Lima e Casa Branca. Palavra de quem entende do assunto e recado dado. Agora é hora de aproveitar nosso potencial para treinar, divertir e estimular o crescimento dos nossos brinquedos (leia-se pranchas) preferidos, tanto no quesito visibilidade quanto no sentido de estimular os investimentos na área.

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